A conexão entre geopolítica e fertilizantes tornou-se uma preocupação central para o agronegócio brasileiro nos últimos anos. Logo nas primeiras linhas dessa equação complexa, destaca-se o alerta do empresário Aldo Vendramin, que aponta os riscos de depender de mercados externos para um insumo vital à produção agrícola nacional. Conflitos internacionais, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, revelam o quanto o Brasil é vulnerável a variações globais que comprometem o fornecimento de fertilizantes, essenciais para a produtividade das lavouras.
Esse cenário exige atenção redobrada de produtores, investidores e gestores públicos, já que o impacto dessas instabilidades vai muito além das fronteiras onde os conflitos se originam. A segurança alimentar e a competitividade do país estão diretamente ligadas à capacidade de garantir o acesso a insumos de forma estável, econômica e sustentável.
A dependência internacional do Brasil no fornecimento de fertilizantes
A produção agrícola brasileira é robusta, mas encontra um gargalo considerável: cerca de 85% dos fertilizantes utilizados vêm do exterior. Países como Rússia, Bielorrússia e China são os principais fornecedores, e qualquer desdobramento geopolítico que envolva essas nações impacta a oferta e o custo desses produtos.

De acordo com Aldo Vendramin, a alta dependência de poucos parceiros internacionais é um risco estratégico que precisa ser enfrentado com políticas públicas e ações do setor privado. Uma elevação nos preços dos fertilizantes, provocada por sanções econômicas ou interrupções logísticas, afeta diretamente os custos de produção e, por consequência, o preço final dos alimentos.
Conflitos internacionais e seus reflexos no agronegócio brasileiro
Em um mundo cada vez mais interconectado, as guerras e tensões diplomáticas afetam muito mais do que as regiões onde ocorrem. A crise no leste europeu, por exemplo, resultou em sanções à Rússia, o que reduziu significativamente o fornecimento de fertilizantes nitrogenados e potássicos no mercado global.
Conforme indica Aldo Vendramin, essas rupturas geram uma reação em cadeia no agronegócio: encarecimento dos insumos, escassez, necessidade de encontrar novos fornecedores e, muitas vezes, a interrupção de safras que dependem desses produtos. O resultado é uma redução da competitividade do Brasil no cenário agrícola internacional, exigindo respostas rápidas e coordenadas.
Alternativas para reduzir a vulnerabilidade do setor agrícola
Diante dessa realidade, especialistas têm defendido o fortalecimento da produção interna de fertilizantes. Investimentos em tecnologia, infraestrutura e incentivos fiscais podem permitir que o Brasil avance na fabricação de insumos estratégicos, reduzindo a dependência de países sujeitos a conflitos.
Assim como frisa Aldo Vendramin, diversificar a origem dos produtos e estimular o uso de biofertilizantes são caminhos viáveis. Além disso, a criação de estoques reguladores e a formação de parcerias comerciais com países menos expostos a instabilidades políticas contribuem para mitigar riscos e manter o abastecimento em situações de crise.
A importância da logística e da diplomacia econômica
Outro fator decisivo nessa equação é a logística global. O transporte internacional de fertilizantes depende de rotas marítimas, acordos diplomáticos e estabilidade cambial. Qualquer ruptura nessas áreas pode comprometer a chegada do insumo ao produtor rural, gerando atrasos e prejuízos econômicos.
O senhor Aldo Vendramin destaca que a diplomacia econômica do Brasil precisa ser orientada por critérios estratégicos, que garantam o fornecimento contínuo de matérias-primas essenciais ao agronegócio. A manutenção de boas relações comerciais com diferentes blocos geopolíticos é uma forma de ampliar a margem de segurança em momentos de tensão internacional.
Considerações finais sobre geopolítica e fertilizantes
A relação entre geopolítica e fertilizantes é um exemplo claro de como o agronegócio brasileiro está inserido em uma cadeia global complexa e sensível a fatores externos. Garantir a autonomia e a resiliência da produção nacional passa por entender essas conexões e planejar com base nelas.
Empresários experientes como Aldo Vendramin vêm alertando para a urgência de uma abordagem integrada, que una investimento, inovação, diplomacia e sustentabilidade. Só assim o Brasil poderá continuar como potência agrícola mesmo em meio a cenários de instabilidade internacional.
Autor: Joann Graham